Por que a pressa em vender destrói valor
  • Por Diego Antunes - Advisor em Negócios Imobiliários de Alto Impacto

Por que a pressa em vender destrói valor

No mercado imobiliário, ouvimos com frequência a frase “quem chega primeiro, vende mais”. Há alguma verdade nisso velocidade de lançamento pode ser uma vantagem competitiva. Mas quando a pressa vira método, ela deixa de gerar resultado e passa a destruir valor.
Já vi muitos empreendedores, inclusive eu, no passado, atropelarem etapas em nome de metas comerciais. Lançar sem estudar direito o zoneamento, vender sem entender o ritmo do mercado, prometer sem combinar com a engenharia. E o que parecia uma jogada ágil se transforma, no tempo, em uma armadilha silenciosa.
A pressa corta o ciclo da estratégia
Negócios imobiliários são complexos por natureza. Envolvem legislação, tempo, risco, comunidade, capital e confiança. Quando se ignora isso em nome de “vender logo”, abre-se mão daquilo que sustenta um bom projeto: análise de viabilidade, posicionamento correto, modelo jurídico bem desenhado, precificação ajustada ao público-alvo.
Pular essas etapas pode até gerar vendas iniciais, mas invariavelmente cobra um preço: em distratos, atraso em obras, desgaste de reputação ou falta de fôlego financeiro no meio do caminho.
O cliente de hoje é mais informado
Vivemos a era da transparência e da comparação. O cliente de um loteamento ou empreendimento verticalizado consulta portais, redes sociais, pesquisa a reputação do empreendedor, analisa o histórico da marca. Quando a pressa se torna visível quando o discurso não bate com a entrega, quando a obra está mal dimensionada ou quando os prazos não são cumpridos o cliente sente. E desconfia.
Confiança, uma vez abalada, não se recupera com desconto: se recupera com coerência e tempo.
A reputação é construída no detalhe
Empreender no setor imobiliário é, em parte, vender futuro. E futuro exige credibilidade. Cada passo acelerado demais, uma promessa comercial mal pensada, um contrato sem respaldo jurídico, uma obra iniciada sem estrutura de governança, é um risco que mina essa credibilidade.
Um negócio que poderia ser referência local, se consolidar no tempo, virar cartão de visita da marca… acaba virando exemplo de “como não fazer”. E o empreendedor, que poderia ser lembrado como referência, fica rotulado como alguém que só quer vender, não construir valor.
A experiência me ensinou que pressa demais, no setor imobiliário, não é agilidade, é desorganização disfarçada. O mercado já não tolera amadorismo com discurso de ousadia. O incorporador ou construtor que quiser durar, precisa pensar além da venda: precisa pensar em legado, reputação e estrutura.
Não existe atalho que compense a falta de estrutura.
E todo projeto que nasce com calma, nasce mais forte.

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